Profissionalismo, organização, asseio, segurança, confiança. Muitas são as mensagens que uma equipe uniformizada passa para clientes e fornecedores e que justificam o investimento no uniforme, que pode ser aliado de um trabalho de fortalecimento de marca e se tornar diferencial no atendimento. Mais do que isso, a opção pelo uso do uniforme evita problemas causados pela atual perda de referência no que se refere ao modo de se vestir no ambiente corporativo. “As empresas estão preocupadas, o código de vestimenta se perdeu e hoje as pessoas acham que vale tudo”, comenta Alana Rodrigues Alves, consultora de imagem de empresas como SBT e Serasa que tem visto aumentar o número de pedidos de palestras para ajudar as empresas a orientar melhor os funcionários sobre o jeito de vestir.
Para Alana, o uniforme evita os comentários sobre o estilo adotado por determinado colega e elimina problemas causados pela roupa mais decotada ou curta de uma funcionária, por exemplo. “Com a instituição do uniforme, corta-se o mal pela raiz”, afirma, lembrando que os colaboradores são o cartão de visita da empresa e serão os responsáveis pela primeira impressão a ser fixada pelos clientes.
O empreendedor pode definir que toda ou parte da equipe está obrigada a usar uniforme. O empregado não pode se recusar a usar e o descumprimento pode levar à demissão por justa causa. No entanto, o custo deve ser totalmente assumido pela empresa, embora o colaborador seja responsável pela reposição da peça no caso de perda ou dano. “Mas como não há legislação específica que regulamente a questão, o ideal é estabelecer por escrito uma política de uso”, aconselha Fabíola Marques, sócia do Abud Marques Advogados Associados e ex-presidente da AATSP (Associação dos Advogados Trabalhistas de São Paulo).
A advogada explica que, no caso de um uniforme danificado pelo empregado, por exemplo, a reposição é de responsabilidade do empregado quando o dolo é comprovado, ou seja, nos casos em que houver clara intenção de prejudicar a empresa. Como é algo desgastante para provar, um acordo previamente combinado e assinado entre as partes, estabelecendo que em qualquer situação, intencional ou não, o valor exato do custo do uniforme será descontado do salário, resolve a discussão. “Não se pode impor tipo algum de multa, ou seja, o valor deve servir para a reposição daquilo que foi danificado e nada mais”, alerta Fabíola, que recomenda o bom senso. “Se ficou claro que o dano foi involuntário, acredito ser interessante para a empresa bancar a reposição”.
A fórmula apontada pelas consultoras para o sucesso na implantação do uniforme envolve bom senso e envolvimento dos empregados. “De modo geral, os colaboradores não gostam de usar uniforme, principalmente as mulheres”, revela Alana. Por isso, ela sugere valorizar a opinião de quem vai usar. Vale promover uma conversa para identificar o que a equipe pensa, explicar a boa impressão que o uniforme causa nos clientes e, principalmente, propor a discussão de qual seria o melhor modelo, apresentando opções para votação.
Formalização da política do uso do uniforme
Fabíola ressalta o que deve conter um termo que apresenta a política do uso do uniforme na empresa. Lembrando que as orientações valem apenas para os uniformes usuais e não para aqueles chamados de EPI (Equipamentos de Proteção Individual), ou seja, capacetes, máscaras, luvas entre outros que visam a segurança do funcionário. Estes possuem regras específicas de acordo com o tipo de risco que a atividade envolve. Ela recomenda que o texto final seja produzido com a ajuda de um advogado para evitar a inclusão de itens que possam ser considerados abusivos, invalidando o documento.
Tendo isto em mente, veja o que não pode faltar:
· Indique quais setores da empresa estão sujeitos ao uso do uniforme
· Explicite quais peças compõem o uniforme e no caso do não fornecimento de calçados, por exemplo, defina as cores admitidas e o modelo. Isso de forma genérica para não caracterizar definição. Caso contrário, a empresa deverá fornecer para o funcionário sem custo
· Informe de quem é a responsabilidade pela lavagem das peças. Na maioria das vezes é do empregado, mas a empresa pode querer assumir esta responsabilidade
· Indique as recomendações de lavagem de cada peça, alerte sobre o uso de alvejantes, se a peça solta tinta, se pode ir à máquina de secar etc.
· Explique quais serão as penalidades no caso do descumprimento da obrigação do uso (sequência de advertência que pode levar à demissão por justa causa, por exemplo)
· Deixe claro que, no caso de eventuais danos ou perda das peças do uniforme, o valor necessário para reposição será descontado do próximo pagamento
· Faça o colaborador assinar um termo de que está ciente das regras
Dicas para uma boa escolha
Alana detalha os principais pontos a serem levados em conta na escolha do uniforme para a equipe. Confira:
Cores – Mesmo uma empresa cuja identidade visual tenha cores fortes, o melhor é escolher cores escuras, que passam respeito e profissionalismo, com padrão simples, sem estampas, só com o logo da empresa em base neutra.
Estilo – Se o negócio da empresa pedir um clima mais informal, pode-se inovar e trocar os usais terninhos por um jaleco ou sobretudo ou mesmo um avental.
Calçados – Os sapatos devem ser sempre fechados. Isso garante boa aparência independente do estado em que se encontrem pés e unhas de quem os utilizará. Em ambientes mais informais são aceitas sapatilhas ou tênis básicos, mas nunca as chamadas rasteirinhas, que deixam todo o pé à mostra. Se a opção for por salto para as mulheres, estes devem ser de altura média e mais grossos, podendo ser combinados com o uso de meia calça. Em roupas de tons claro, como gelo, o sapato pode ser cinza; no caso de tecido cinza, caem bem sapatos da cor pinhão; no caso de peças pretas ou azul marinho, o ideal é usar sapatos pretos.
Quantidade – Três unidades de cada peça são suficientes para o dia a dia, pois uma pode ser usada enquanto a outra está sendo lavada. No caso de peças brancas, recomenda-se fornecer até quatro unidades.